Começa quarto dia do julgamento do caso Eloá

Jurados devem decidir nesta quinta se Lindemberg é culpado ou inocente.
Réu admitiu ter atirado em ex e pediu perdão à mãe de Eloá.
Começou por volta das 9h50 desta quinta-feira (16) o quarto dia do julgamento de Lindemberg Alves no Fórum de Santo André, no ABC. Os trabalhos do Tribunal do Júri reiniciaram com os debates entre acusação e defesa. O Ministério Público iniciou o debate - a promotoria terá uma hora e meia para se pronunciar. Em seguida, falará a defesa do réu. Há possibilidade de réplica e tréplica. Só depois, então, os jurados se reunirão para decidir pela absolvição ou condenação. Passado esse ponto, a juíza vai ler a sentença e definir a pena dada ao réu.
Após distribuir cópias dos autos aos jurados - seis homens e uma mulher -, a promotora Daniela Hashimoto disse que Lindemberg já sabia o que iria fazer no apartamento onde manteve Eloá refém por mais de cem horas. "Coloquem-se no papel das vítimas", disse a promotora.
Esse deve ser o último dia do julgamento iniciado na segunda-feira (13), pouco mais de três anos após o sequestro que culminou com a morte da adolescente Eloá Pimentel em Santo André.
Na quarta-feira (15), o terceiro dia de julgamento do caso Eloá terminou às 19h40. Lindemberg Alves, acusado de matar a garota, admitiu pela primeira vez durante o júri ter atirado nela dentro do apartamento em Santo André, no ABC, em 2008. Ele falou por mais de cinco horas, contando os intervalos determinados pela juíza Milena Dias. Foi a primeira vez que se pronunciou desde o crime.

Mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, acompanha o julgamento de Lindemberg nesta quinta-feira (Foto: Cristiano Novais /CPN /AE)
Durante o interrogatório, o réu contou detalhes do momento da invasão da PM ao apartamento. "Estávamos conversando os três no sofá. Infelizmente aconteceram algumas reações. A polícia estourou a porta e eu tomei um susto. Ela ameaçou um movimento e eu infelizmente atirei", disse. "Pensei que ela pudesse vir para cima de mim. Eu vi o movimento e atirei. Foi tudo muito rápido."
Questionado se atirou em Nayara, ele disse não se lembrar do fato:
"Não me recordo". "Quando fui ver, já estava sendo agredido pelos policiais. Foi tudo muito rápido. Não tinha intenção." Ele disse também que não teve tempo de pensar.
A promotora Daniela rebateu a afirmação do acusado nesta quinta-feira. "A perícia comprovou que a Nayara foi atingida por um projétil de calibre 32. Só o Lindemberg tinha essa arma no dia dos fatos", disse.
Lindemberg negou também ter atirado em um PM durante o sequestro. "É ficção." O acusado disse que se sentiu "traído" pela polícia. "Tiraram o contato com a minha irmã e começaram a tirar as pessoas do local. Foi uma quebra de confiança. Eu fiquei na dúvida com a polícia."
Logo no início do julgamento, ele pediu perdão à mãe da vítima, Ana Cristina Pimentel. Lindemberg começou a ser ouvido pouco depois das 14h, no Fórum de Santo André, no ABC. O depoimento foi encerrado pouco antes das 19h45.
"Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor", disse o réu. "Estou aqui para falar a verdade, afinal, tenho uma dívida muito grande com a família dela." "Pela perda da família, eles são as vítimas. Se estou encarcerado, estou pagando por algo que eu fiz", disse.

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